terça-feira, 16 de junho de 2009

Especialistas contestam a "Síndrome do Ninho Vazio"

O tema é polêmico... Muitos pais "fervorosos" vão querer me matar... Mas o texto (mais uma vez) não é meu!!! É do "New York Times", publicado em janeiro deste ano. Se gue o texto como o encontrei, sem tirar nem pôr:


Desde os anos 70, os especialistas em relacionamentos popularizaram a idéia da "síndrome do ninho vazio", um período de depressão e de perda de propósito que aflige os pais, e especialmente as mães, quando os filhos saem de casa. Dezenas de sites e livros prometem ajudar os pais a enfrentar essa transição, e a editora Simon & Schuster tem até uma série especial dedicada às vítimas da síndrome.
Mas o número crescente de pesquisas parece sugerir que o fenômeno foi compreendido de maneira indevida. Embora a maioria dos pais claramente sintam falta dos filhos quando estes saem de casa para estudar, trabalhar ou se casar, a liberdade ampliada e a redução na carga de responsabilidades são apreciadas.
E a despeito da preocupação frequente com a possibilidade de que os casais descubram nada ter em comum exceto os filhos, uma nova pesquisa, publicada na edição de novembro da revista Psychological Science, demonstra que a satisfação conjugal na verdade cresce quando os filhos enfim se vão.
"Não é como se as pessoas tivessem vidas horríveis", diz Sara Melissa Gorchoff, especialista em relacionamentos adultos na Universidade da Califórnia em Berkeley. "Os pais são felizes com os filhos. Mas os casamentos deles muitas vezes melhoram quando as crianças se vão".
Embora isso talvez não surpreenda alguns pais, compreender por que os relacionamentos conjugais dos pais, cujos filhos deixaram a casa da família melhoram, pode oferecer lições importantes para a felicidade conjugal de casais que estão a anos de distância de uma casa sem filhos.
Um dos aspectos mais desconfortáveis do estudo se refere ao efeito negativo que crianças podem ter sobre relacionamentos antes felizes. A despeito da idéia popular de que crianças aproximam casais, diversos estudos demonstram que a satisfação marital e a felicidade do casal em geral despencam quando chega o primeiro bebê.
Em junho, o Journal of Advanced Nursing publicou um estudo conduzido pela Escola de Enfermagem da Universidade de Nebraska sobre o índice de felicidade conjugal de 185 homens e mulheres. O índice começava a cair durante a gestação e continuava em queda quando as crianças atingiam os cinco meses e os 24 meses. Outros estudos apontam que casais com dois filhos se saem ainda pior do que casais com um filho só.
Embora ter filhos claramente traga felicidade aos pais, os apertos financeiros e de tempo podem desgastar um relacionamento. Depois que um filho nasce, os casais têm apenas um terço do tempo de intimidade a dois que tinham antes de terem filhos, de acordo com pesquisadores da Universidade Estadual do Ohio.
A chegada dos filhos também atribui parte desproporcional das responsabilidades domésticas às mulheres, e isso é uma fonte comum de desentendimento conjugal. Depois dos filhos, o trabalho doméstico das mulheres cresce três vezes mais que o dos homens, de acordo com estudos do Centro de População, Sexo e Igualdade Social da Universidade de Maryland.
Mas boa parte das pesquisas sobre o efeito dos filhos na felicidade conjugal se concentra nos anos iniciais. Para compreender o impacto em prazo mais longo, os pesquisadores de Berkeley acompanharam os índices de satisfação conjugal de 72 mulheres que são parte do Estudo Longitudinal Mills, no qual um grupo de alunas do Mills College foi acompanhado pelos pesquisadores durante 50 anos.
O estudo é importante porque acompanha a primeira geração de mulheres que tentou equilibrar as responsabilidades familiares profissionais e empregos externos. No estudo sobre a síndrome do ninho vazio, os pesquisadores compararam a felicidade conjugal de mulheres na casa dos 40 anos, quando muitas ainda tinham filhos morando consigo; na casa dos 50 anos, quando alguns dos filhos já haviam saído de casa; e na dos 60, quando virtualmente todas viviam separadas dos filhos.
Em todas as situações, as mulheres cujos filhos já haviam deixado o lar apresentaram felicidade conjugal maior que a das mulheres que ainda tinham crianças em casa. O resultado se assemelha ao de um estudo apresentado na reunião da Associação Psicológica Americana em 2008, o qual acompanhava uma dezena de pais entrevistados quando seus filhos se formaram no segundo grau e 10 anos mais tarde. O pequeno estudo também indica que a maioria dos pais se sente mais feliz em termos conjugais depois que os filhos se vão.
Embora os pesquisadores de Berkeley tenham oferecido a hipótese de que a maior satisfação se deve ao fato de os casais passarem mais tempo juntos quando seus filhos saem de casa, a maioria das mulheres no estudo afirma que passa mais ou menos o mesmo tempo com seus maridos quando isso acontece, mas a qualidade desse tempo melhora.
"Há menos interrupções e menos estresse quando os filhos saem de casa", disse Gorchoff, de Berkeley. "Não é que os casais fiquem mais tempo juntos depois que os filhos se vão, mas a qualidade do tempo de que o casal compartilha melhora".
Ela aponta que a lição oferecida pelos resultados parece ser a de que os pais precisam encontrar mais tempo livre de estresse para passarem juntos. Na amostra estudada, a única variável que melhorava quando os filhos saem de casa era a satisfação conjugal. Em termos gerais, os pais se declaram igualmente felizes quando têm filhos em casa e quando não. (O que acontece quando filhos adultos voltam à casa dos pais porque suas perspectivas de emprego desapareceram em função de um desastre econômico não foi examinado nos estudos).
"As crianças não arruínam as vidas de seus pais", disse Gorchoff. "Elas só dificultam interações mais agradáveis entre eles".


Tradução: Paulo Migliacci
The New York Times

5 comentários:

Bianca disse...

Olha Cibele, muito ignorante ou hipócrita quem disser que este texto nao é coerente. Ainda nao sei sobre a tal síndrome porque ainda nao passei por isso, mas que a chegada de um filho muda COMPLETAMENTE a vida de um casal, ahhh muda! (sem colocar sobre a mesa o AMOR incondicional que temos, é claro)

Beijoss!

Unknown disse...

Presente Fessôrra...acho que eu sou um dos hipócritas ou ignorantes que nao concorda com a coerencia do texto…..Toda a pesquisa realizada, por melhor que seja elaborada, apresenta apenas uma fatia limitada de um total…ao meu ver, toda a globalização de ideias é perigosa pois existem varios fatores que influenciam de forma positiva ou negativa (como definior o positivo e o negativo ??). Tenho certeza que essa pesquisa retratou uma parte da população americana…mas….esta totalmente oposta a opiniao de outro grupo…provavelmente essa pesquisa consta resultados para uma parte dos USA mas esta longe de poder ser utilizada como referencia no Brasil, Europa e Asia (alias, usar a cultura americana para se basear em algo já è um tema questionavel…). Com filhos, as responsabilidades aumentam….a necessidade de regras de educação vai aparecendo de forma automatica e cada pai/mae acaba se tornando professor do que ja aprendeu um dia (Isso é…se aprendeu….). Creio que a sindrome do Ninho vazio se da pelo fato de existirem pais que nao acompanharam o desenvolvimento do filho e nao perceberam que tem hora que as asas sentem necessidades de voar…Talvez uma parte da sociedade se sinta “aliviada” em ter cumprido sua função de educador e cree que esse sentimento seja felicidade……Em minha opiniao, o relacionamento de um casal não piora nem melhora com filhos. Apenas torna-se diferente (se è pra “melhor” ou “pior” primeiro se deve definir particularmente o que o indivíduo classifica de “bom” e “ruim”…para cada situação no mundo sempre existira um otimista e um pessimista). Sou contra a colocação Sr. Gorchoff. Que diz : "Elas (as crianças) só dificultam interações mais agradáveis entre eles (os pais)". Talvez esse Sr. Era um egocêntrico que sentiu-se ameaçado em uma rivalidade entre ele e os filhos com a esposa…Em minha opiniao, as crianças auxiliam na integração de ideias de um casal pois a cada dia é uma nova etapa, um novo sonho, uma nova ideia e nao existe a rotina monótona. Quem sou eu para me expessar em nome do mundo, mas nao creio que a minha satisfação conjugal ira alterar com a saida dos pimpolhos de casa...
Mestra Cibelele, parabens, sua tradução do New York Times esta ótima

Cibele disse...

hahahahahaha Não disse que "pais fervorosos" iam querer me matar???

Ah, Clóvis, sem essa vai! Dizer que a paternidade/maternidade não muda o relacionamento do casal é uma doideira! (pelo menos para "a maioria" dos pais, muda). Não tem como ser diferente! O horário pra "namorar", as conversas a dois... tudo vai depender do sono do filho, do horário em que ele está na escola etc... Estamos falando aqui de famílias onde os filhos passam 4 horas na escola e o resto do dia em casa, tá? (quando as crianças passam o dia todo fora, é outra história...). Sem contar que quando os filhos crescem e vão cuidar da vida deles, os pais não têm mais a preocupação financeira que tinham, nem horários pra refeições, nem pilhas e pilhas de roupas pra lavar e passar etc... Vai negar isso??

Olha só... vc já pensou que quando seus filhos estiverem crescidos, o tempo de que a Fá dispõe pra eles será só seu?? Imagina só... o tempo em que ela cuida da Aline será só pra cuidar de vc...
...
...
Ai, meu Deus! Coitada da Fá!!!
hahahahahahaha Olha a síndrome do Ninho Vazio instalada! hahahahaha

Fabiola disse...

Olha Ci, o Clovis vai precisar mesmo de mim e do meu tempo , pra ajudar a curar a depressao dele qdo as criancas saírem de casa....rsrs.....

mas, falando sério.... nao acredito muito que o casal seja "mais feliz" depois que os filhos saíram de casa, só por que podem "namorar" em paz, nao se preocupar com roupas pra passar ou com a parte financeira... acho que é uma fase nova da vida, e como tudo na vida, tem seus prós e seus contras... bom sim, que se tem mais tempo juntos, em paz pra namorar, pra ir jantar fora, pra ir ao cinema, ruim tb, porque a saudade com certeza vai bater , das baguncas em conjunto, das risadas na hora da refeicao, do beijo e do abraco todas as noites antes de dormir,e tantas outras coisas que nos traz alegria diariamente, vao faltar sim e quem é mae e pai ("fervorosos" como nós) tenho certeza que vai concordar comigo. Mas a saída dos filhos de casa acontece gradativamente, aos poucos eles vao se tornando independentes e ja nao precisam mais dos pais com tanta frequencia...
Acredito eu, que os americanos sejam parecidos com os alemaes, que os filhos saem de casa com 16, 17 anos e os pais falam "ufa, cumpri minha missao, agora vc que se vire" (nao todos, mas a gde maioria aqui pensa assim). Resumindo... eu tenho minhas duvidas se a "felicidade do casal" consiste mesmo no tempo a sós que eles tem... quando eu chegar lá a gente conversa de novo a respeito... Ci, eu acho que vc deveria fazer uma entrevista aí com o pessoal que é uma geracao mais velha que a nossa, onde os filhos ja se mandaram , pra ver o que eles acham !
Mas, valeu pelo texto, faz a gente parar pra pensar... e isso é muito bom !!!

Cibele disse...

Adorei o fato do texto ter gerado comentários... esse é o intuito de blog!

Quanto ao que dissemos até aqui, concordo com a opinião de vcs!
Aliás, cada um tem seu modo de pensar, e procuro respeitar a opinião alheia.

Mas só pra frisar: o texto (a meu ver) não quis “detonar” as crianças e nem dizer que os filhos são uns monstros, que atrapalham etc. O autor do texto ousou dizer que pode haver felicidade depois que os filhos saem de casa, mas é claro que muitos não pensam assim. Mulheres que se dedicam apenas e tão somente aos filhos irão sofrer mais com a saída deles (conforme outras pesquisas que li, isso pode até gerar a separação do casal, pois com a saída dos filhos acabam descobrindo que eles – os filhos – eram a única coisa que o casal tinha em comum)...

Em contrapartida, mulheres que se dedicam à maternidade mas conscientizam-se de que um dia os filhos “criam asas”, sofrerão menos!

Em minhas observações, pude constatar que:
- Depois que os filhos saem de casa, há um “sentimento de vazio” nos primeiros meses. (Há mulheres que demoram a se acostumar com a nova rotina, com menos compras, menos tarefas) – Minha sogra mesmo passou por isso...

- Depois de algum tempo, “Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós!”. A mãe (principalmente) começa a gostar da idéia, pois não tem horário pras refeições, aprende a viajar, conhecer outras coisas... Faz cursos, inventa! (tenho outra pessoa muito próxima de mim que vive esta fase... rsrsrs)

- Em contrapartida, mulheres que ainda estão com os filhos em casa (e hoje em dia – no Brasil - eles saem de casa após os 30 anos) sentem-se “presas” às crias e reclamam do excesso de tarefas...

Tudo vai depender do estilo de vida da pessoa, do tipo de criação que ela recebeu... não há verdades prontas. Tudo é aprendizado!

Beijos a todos que lêem estas coisas! (mesmo aqueles que nada comentam... rsrsrsr)

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