segunda-feira, 21 de junho de 2010

PATRIOTISMO DOIDO


Hoje quero escrever sobre um tema delicado.

Nesta época de Copa do mundo quase todo mundo vira patriota de um dia para o outro, berrando aos quatro ventos “Sou brasileirooooo, com muito orgulhooooo, com muito amooooooorrr”...

Mas há também aqueles que querem torcer para outro país (mesmo que nunca tenham ao menos pisado naquela terra), com a alegação de que é “o país de seus ascendentes”.

Vejo isso principalmente com os descendentes de alemães e de italianos.

E é dessas pessoas que quero falar hoje.

Acho realmente incrível que uma pessoa possa se apaixonar tão profundamente por algo que não conhece!

Não quero dizer que qualquer outro país tem defeitos, ou que é pior que o meu, não... Mesmo porque também não os conheço profundamente (conheço o que vejo na televisão e tomo por base o que ouço de alguns parentes que vivem fora).

Na verdade, o que mais me intriga é ver pessoas torcendo para outro país simplesmente porque é a terra de seus avós (ou até bisavós!). Nunca foram lá ( alguns provavelmente nunca irão mesmo), mas defendem aquela terra com um amor... uma dedicação... um patriotismo!

Só consigo entender essa admiração se a pessoa nasceu lá e veio pra cá por causa de trabalho ou outro motivo relevante, ou se morou lá por mais de 15 anos... Mas admirar um país só porque é a terra de seu ascendente... não dá!

Acho que o que mais me revoltou foi saber um dia, pela boca de meu próprio pai, que nossa família (grande parte dela, pelo menos) torce para o time do São Paulo porque é o time que tinha as cores mais parecidas com as da Alemanha!!!!!!! (Dá pra acreditar nisso, gente???) E meu pai só pisou no tão amado país (Alemanha) aos 68 anos!!

O que me revolta é saber que nossos avós/bisavós vieram pra cá pelo simples motivo de que lá não estava tão bom...

Seja pelo fato de que prometeram alguma coisa aqui, ou porque foram enganados, acredito que vieram na esperança de uma vida melhor... ou não?

E aí o neto/bisneto/trineto, que foi educado a amar o país de seus avós/bisavós/trisavós fica idolatrando um país que nem sabe que ele existe...

Os países europeus são de Primeiro Mundo? Simmm! As coisas naqueles países realmente funcionam! O povo é mais educado, as leis são cumpridas, não há tanta violência e a miséria é controlada...

Mas se for pra você ficar “puxando o saco” deles, mude-se para lá!

Porque, por enquanto, é daqui que você tira o seu sustento!

É o que eu penso!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A culpa por não ser magra

MAGREZA É VIRTUDE?

Por Leila Ferreira, para Marie Claire Brasil

Vivemos sob a ditadura da magreza: ser magro hoje é tão importante quanto ser honesto. Mas a regra, claro, só vale para o sexo feminino. Será que um dia voltaremos a comer sem culpa?

Ontem comi doce de leite com queijo. Anteontem tomei sorvete. E, entre uma e outra sobremesa, temperei minha vida com duas fatias de bolo de coco. Enquanto desfrutava do sabor maravilhoso do doce, do sorvete e do bolo, tentei me lembrar de como é comer o que existe de mais gostoso sem sentir culpa. Não consegui. Aquela felicidade plena, aquela sensação maravilhosa de saborear um doce que se ama sem pensar em mais nada, sem sentir nada além daquele sabor, foi riscada do cotidiano das mulheres. No dicionário feminino, o verbete “prazer” vem sempre acompanhado da palavra “culpa” -pelo menos quando se fala de alimentação. Antigamente, nós, mulheres, não podíamos ter apetite sexual. Hoje não podemos ter apetite -ponto final. É por isso que eu sempre brinco que nos tiraram de Bangu 1 e passaram para Bangu 2. O endereço da cadeia mudou, mas continuamos prisioneiras. Antes era a moral que nos aprisionava. Hoje é a estética.

Ser magro, hoje, é tão importante quanto ser honesto. Aliás, vamos passar a frase para o feminino: a magreza nas mulheres hoje é tão valorizada quanto a honestidade. Sim, porque nos homens a magreza é apreciada e admirada. Mas, se eles forem cheinhos, a gente perdoa. O que nossa cultura não aceita é a mulher acima do peso -e o peso em questão é ela, a própria cultura, que define. Se a mulher não é magra, ela pelo menos tem que mostrar que se esforça 24 horas por dia para emagrecer. Se não luta contra os quilos, é vista como fraca, desleixada, indisciplinada, ou seja, o julgamento estético ganha um caráter moral. De volta ao começo? Mais uma vez a moral nos aprisionando?

Não é à toa que as mulheres hoje sobem na balança da mesma forma com que se ajoelhavam nos confessionários de antigamente: cheias de ansiedade e medo. Temem ser julgadas e punidas por seus excessos -não mais da alma, mas do corpo. É por isso que, quando vamos comer algo que engorda, a gente diz: “Eu mereço!”. Ou seja, estou em dia com os meus deveres, e por isso posso cometer essa pequena transgressão. É por isso, também, que os pais indianos listam a magreza da futura nora ao lado de predicados como séria e trabalhadora. Ser magra passou a ser uma virtude valorizada tanto na esfera social e no mercado de trabalho quanto no mercado matrimonial.

Saudades de Bangu 1? Não precisamos chegar a tanto. Nem a prisão da alma, nem a prisão do corpo. Além dos melhores bolos e dos melhores sorvetes, nós, mulheres, merecemos um mundo sem qualquer tipo de prisão.

Seguidores