quinta-feira, 5 de março de 2009

Cadê o povo brasileiro?




Volto de uma viagem pela Europa com uma sensação bem estranha... É claro que sempre há aquele encanatamento pelo que vemos fora do nosso país, mas na verdade o que sobressai desta vez é a vontade de mudar o que está errado aqui (e não desistir, como muitos dizem por aí).




Sempre fiquei indignada quando via brasileiros falando mal do nosso país, principalmente porque sei que 90% dos que falam mal do Brasil NUNCA botaram seus pés fora dele! Pessoas em filas de banco que dizem "é só neste país mesmo!" sempre me causaram pena... Será que elas acreditam mesmo que no exterior tudo é perfeito??




Há cerca de 10 anos fui para o Chile com meu pai e duas sobrinhas. O nosso guia turístico era um autêntico chileno e sempre que se referia ao seu país ele enchia a boca e dizia com orgulho: "Aqui no MEU país..." - e sempre tinha algum elogio pra complementar a frase. Só que também tinha muito brasileiro - idiota, a meu ver - que complementava, ironizando: "igualzinho ao Brasil!!"




Eita povo besta! Deve ser o único povo no mundo que fala mal do próprio país! Ao invés de exaltarmos as coisas boas, fazemos questão de enaltecer as ruins! (e se vc pensou: "que coisas boas?" - é caso de pensar em ir embora daqui...)




Não estou querendo dizer que não temos problemas (temos, e muitos) e nem que no exterior não há perfeição. O fato é que a Europa tem mais de 1000 anos de história a mais que o nosso país... e se lá fosse tudo tão perfeito, o que fez com que nossos antepassados viessem pra cá?




Não posso dizer que as coisas lá não funcionam, porque estaria mentindo. Na Alemanha e na Suíça pudemos perceber claramente a cultura e educação do povo. Um exemplo disso é que os jornais ficam em caixas de acrílico, nas ruas, e as pessoas pegam o que lhes interessa e depositam moedas no local apropriado. Não há quem confira o valor, nem quem dê o troco: é tudo na base da confiança! Nos trens e ônibus, não há roletas ou cobradores: você entra no trem e esporadicamente passa alguém para conferir o bilhete. Caso você não esteja com o seu, será multado na hora.




Na Itália a coisa muda um pouco. Estivemos só em Roma, mas deu pra perceber bem a diferença. Por ser um lugar muito freqüentado por turistas, há muita sujeira nas ruas, pichações em muros e trens, pequenos assaltos. Os próprios guias impressos alertam os turistas a cuidarem de bolsas e sacolas, pois há batedores de carteira por todos os lados. O trânsito é bem louco: carros são estacionados em fila dupla, batidas são freqüentes. Há lambretas por todos os lados e, não raro, passam até pelas calçadas. As pessoas falam alto, gesticulam, e parecem estar brigando quando conversam.




O Brasil tem problemas? Sim!! Muitos!! Mas gente ruim existe em todo lugar! Precisamos apenas nos conscientizar de que o Brasil tem tudo para dar certo, basta querermos! Vamos lutar para que um dia possamos nos orgulhar de nosso país! Vamos agir como pais de bebês, que sempre ressaltam as coisas boas do filho, mesmo com as várias noites de insônia pelo choro que parece não ter fim!




Após duas semanas fora do Brasil, posso dizer o seguinte:


1) Nosso clima é perfeito: nem tão quente quanto o deserto; nem tão frio quanto o Alaska!


2) nossa comida é inigualável: só aqui temos a mistura perfeita: arroz, feijão, bife e salada. E tudo junto!!


3) nossas esculturas, nossas igrejas são tão bonitas quanto às deles, mas só temos olhos para o que é de fora...


4) nossas praias são belíssimas!




Nosso único problema: Não há POVO BRASILEIRO!!


Não somos brasileiros; somos descendentes de alemães, italianos, japoneses, espanhóis, ingleses, turcos... Mesmo sabendo que nossos antepassados vieram de lá por necessidade, enchemos a boca pra dizer que somos descendentes de alguma outra nacionalidade!




Achamos horríveis as roupas estendidas nas janelas de condomínios populares em nosso país... mas se é na Itália... "Que lindo!!"




Não fazemos muita questão de visitar prédios históricos, museus do nosso país... mas se é na Europa... queremos fotografar todos!




Fazemos pouco caso dos vinhos brasileiros, mas se o rótulo for internacional... "Que delícia!", "Que vinho encorpado!"




Vamos parar com essa mania de só falar mal do nosso país! Há muita coisa a ser feita, mas a principal delas é mudar a cabeça do povo que vive aqui!




E viva o Brasil!

3 comentários:

Bianca disse...

Oi Cibele!

Achei muito interessante a sua colocacao. Aliás, precisamos marcar um dia para conversarmos sobre isso. Nós temos uma visao que muitas pessoas nao entendem, pelo simples fato de apenas terem ido a passeio ao exterior ou por nunca terem pisado fora do Brasil.

Muito legal a sua visao de "turista", pois as maravilhas que vemos quando passeamos, podem nao ser assim tao belas quando moramos.

Beijinhos!!! (Vou te adicionar no blog)

Unknown disse...

(mesmo não sendo natal..)Hohoho.…acho que a Bianca vai ficar chateada comigo nomamente.…mas… me vejo na obrigação de expor meu comentário contrariando o que ela escreveu. …”pois as maravilhas que vemos quando passeamos, podem nao ser assim tao belas quando moramos”….Nao concordo!!! Quando chegamos a um lugar com a riqueza de cultura como a Europa lógico que é um “UAUUU”…e, depois de varios anos, continuo sempre dizendo “UAUUU” pois a beleza permance a mesma. A única coisa necessária para se sentir bem em um local, indiferente se for na Alemanha, Australia, Juazeiro do Norte, Porto Alegre, SP ou Petrolina, é uma integração social ao local (idioma, cultura, uma atividade profissional, culinária etc.). Alem dos sonhos de um local perfeito dentro dos padrões de consumo de cada um, nenhum lugar do mundo será agradavel sem essa integração social.
Klovis, el Magnífico

Bianca disse...

É que essa integracao social fica difícil sem os amigos e família, nao dá para substituí-los por outras pessoas... entende? Acho que sim, pois voces que moram longe da família sabem bem como é.(Por mais que outros Países sao infinitamente melhores nisso ou naquilo)
Eu nao fico brava Compadre, pois quando eu morava na Alemanha arranjava milhoes de motivos que me fizessem acreditar que a vida sem família e amigos seria possível. Pra mim definitivamente nao dá.

Ontem na festa de Aniversário do tio Nilton, o Fábio (da Cibele) disse uma coisa certíssima. Reclamava as vezes por haver muitos eventos familiares, mas quando ficou "confinado" em seu trabalho (tendo a oportunidade de participar de festas badaladíssimas, mas sem poder nem ao menos fazer uma piadinha para os amigos), sentiu muito a falta da família, das zoeiras, da informalidade. Aí ele comparou conosco que nao podíamos escolher, simplesmente estávamos longe.

Nós criamos lacos sólidos que sao difíceis de serem desfeitos. Toda essa nossa alegria vem daqui (desse País mesmo!), das nossas raízes.

Mas isso é coisa que só dá pra ter a plena nocao quando se passa. Quando vamos e voltamos. Quando realmente podemos comparar com EMOCAO, nao somente com RAZAO.

Seguidores